Área de 67 hectares cedida pela Terracap receberá sistemas de drenagem e tratamento do chorume, queima de gases e monitoramento ambiental
O presidente do SLU, Silvio Vieira, afirma que o objetivo é garantir o aterramento adequado dos rejeitos, respeitando as normas ambientais. “Não podemos esperar que uma área termine para buscarmos outra”, crava. Antes de iniciar o uso, serão projetados e executados mecanismos como sistema de drenagem e tratamento do chorume, sistema de captação e queima dos gases e sistema de drenagem pluvial, além de dispositivos para o monitoramento operacional e ambiental.
Inaugurado em 2017 para suprir a demanda do antigo Lixão da Estrutural, que foi fechado no ano seguinte, o aterro de Brasília foi projetado para ter vida útil de 13 anos. No entanto, as últimas estimativas do SLU afirmam que as atividades no local chegarão ao fim em maio de 2027, ou seja, três anos antes do previsto.
Segundo o presidente do SLU, o tempo de funcionamento foi prejudicado pela falta de coleta seletiva. Isso porque, do total de 2.200 toneladas de resíduos recebidas diariamente, pelo menos 500 toneladas são de materiais recicláveis. Além disso, do total de lixo que chega ao aterro diariamente, cerca de 1.200 toneladas são de orgânicos que poderiam ir para a compostagem. O número equivale a 55% do total.
No destino correto, estes itens geram renda para centenas de famílias que trabalham com reciclagem. “Só os rejeitos deveriam estar vindo para o aterro, como aquele lixo de banheiro”, observa Vieira. “A gente precisa que a população descarte corretamente os resíduos, pelo menos em duas partes: secos e úmidos”.
Segundo a gerente do Aterro Sanitário de Brasília, Juliana Frutuoso, um aterro é diferente de um lixão. “É uma obra de engenharia. Tem todos os sistemas e controle necessários para diminuir ao máximo os impactos negativos da deposição dos resíduos no meio ambiente”, explica.
“O aterro sanitário tem uma vida útil desde a concepção do projeto. É projetado para que caiba uma quantidade de resíduos específico e não conseguimos ir muito além do que é previsto no projeto, então nós temos que nos programar desde o início para saber para onde levaremos o lixo quando essa área acaba”, completa Frutuoso. “Atualmente, o aterro comporta aproximadamente 8 milhões de toneladas de resíduos. Quando acabar esse espaço, precisamos de outro para levar o resíduo que continuará sendo produzido.”
Processo
Os resíduos são oriundos das Usinas de Tratamento Mecânico Biológico, dos galpões de triagem das cooperativas, da coleta convencional e de grandes geradores, como restaurantes e hotéis. Antes de ser aterrado, o lixo é pesado e contabilizado, com a identificação da origem e dos principais produtos descartados.
Depois, são espalhados pelos caminhões em áreas previamente indicadas para serem compactados. O trabalho visa garantir a estabilidade do maciço e a ocupação do mesmo espaço possível, a fim de otimizar a área disponível.
O chorume produzido durante o processo de decomposição é captado pelo sistema de drenagem e passa por uma série de tratamentos. Todo o líquido contaminante é medido e direcionado à lagoa principal, sem nenhum contato com o solo devido à estrutura de impermeabilização. O contato do líquido com o solo pode contaminar os lençóis freáticos e causar sérios danos à natureza.
Segundo o coordenador de Usinas e Aterros do SLU, Leonardo Yamada, quando concentrado na lagoa, o líquido passa por processos químicos e físicos, como homogeneização, decantação e oxidação do líquido para a diminuição do potencial contaminador. Por fim, ocorre o polimento em filtros. “São cinco etapas de filtragem que removem as impurezas que sobraram dos outros processos e reduzem a coloração do efluente tratado. Nesse ponto, inclusive, o líquido perde a característica de poluente e passa ser um efluente tratado, já que segue os parâmetros da nossa autorização ambiental”.
As outorgas em vigência permitem o depósito de até 2 mil m³ de chorume, por dia, no corpo hídrico receptor que, no caso do aterro de Brasília, é o Rio Melchior. No entanto, Yamada aponta que a quantidade disposta é muito inferior, sobretudo no período de seca. São cerca de 700 m³ por dia. “Atualmente não precisamos utilizar a totalidade, já que tratamos um quantitativo menor e numa qualidade superior à exigida pelo órgão ambiental”, pontua.
Esforço coletivo
Para que o aterro tenha a vida útil prevista, a população precisa se comprometer com a coleta seletiva. O descarte incorreto faz com que materiais recicláveis e orgânicos ocupem o espaço de rejeitos, prejudicando a capacidade final do depósito. O ato de cidadania não exige muito esforço: o primeiro passo é separar os itens úmidos dos secos em sacolas diferentes e entregar para a coleta adequada. O material reciclável vai para a coleta seletiva e os outros para a convencional.
A lista de recicláveis é composta por garrafas PET, embalagens de produtos de limpeza, potes de shampoo, tubos de pasta de dente, sacolas e embalagens plásticas em geral, isopor, latas e objetos de metal, jornais, papéis, papelões limpos, caixas de leite e de sucos. Já os orgânicos e rejeitos são restos de comida, cascas de frutas, legumes e ovos, filtro de café e saquinhos de chá, papéis sujos e engordurados, lixo de banheiro, papel higiênico e fraldas.
Segundo Silvio Vieira, o SLU está empenhado em conscientizar a população sobre a importância da coleta seletiva. “Acreditamos muito na educação das crianças, temos o teatro do SLU, que todos os dias está em escola mostrando como que faz a coleta seletiva para que as crianças possam puxar a orelha dos pais e mostrar a forma correta de descartar”, explica.
Os dias e horários da coleta seletiva para cada região estão disponíveis no site do SLU e também no aplicativo SLU Coleta DF, disponível nas plataformas Android e IOS.
Catarina Loiola, da Agência Brasília | Edição: Saulo Moreno