Os resultados, no entanto, podem ser imprecisos como consequência das mudanças de avaliação adotadas durante a pandemia da Covid-19
O Distrito Federal é a segunda unidade da Federação com melhores resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) para os anos iniciais do ensino fundamental, com nota 6,4. A capital perde apenas para Santa Catarina, que tirou 6,5. A média nacional foi de 5,8.
Os resultados, no entanto, podem ser imprecisos. Isso acontece porque, em decorrência da pandemia da Covid-19, as escolas de todo o país adotaram modelos de avaliação mais flexíveis, o que resultou em aumento generalizado nas taxas de aprovação. O GDF fez o mesmo para evitar reprovação em massa.
A secretária de Educação do Distrito Federal, Hélvia Paranaguá, disse que a capital da República adaptou-se às dificuldades impostas pela pandemia, com adoção de aulas a distância.
“Os cursos de aulas mediadas por tecnologia, da Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação (Eape), habilitou 77.035 professores em 2020. O professor precisou aprender a lidar com a aula mediada pela tecnologia para continuar transmitindo seu conhecimento, e isso foi um fator muito importante”, afirmou.
Um dos indicadores usado para compor o Ideb, feito a cada dois anos, são justamente as taxas de aprovação em cada ano de ensino. Para compor o retrato da educação pública, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) usa também o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), uma avaliação externa feita por meio de testes e questionários.
“Considera-se que a interpretação do Ideb, em especial, a oscilação nos valores das suas componentes, precisa ser realizada com cautela. A mudança brusca observada nas taxas de aprovação faz com que a interpretação do Ideb 2021 esteja dissociada da série histórica do rendimento e seja entendida sob a ótica das mudanças sociais, psicológicas e econômicas derivadas da pandemia da Covid-19”, informou o Inep, em nota técnica.
Veja os resultados obtidos pelo DF no Ideb 2021:
- Anos iniciais do ensino fundamental (até o 5º ano) — 6,4
- Anos finais do ensino fundamental (até o 9º ano) — 5,3
- Ensino médio — 4,5
A capital apresentou pior resultado nos anos finais do ensino fundamental na comparação com o restante do país, ficando em nono lugar. A média nacional nesta etapa educacional foi de 5,1. Em relação ao ensino médio, o DF ficou em quinta posição, a média nacional foi de 4,2.
Matemática e português
O Ideb aponta ainda que os índices de proficiência em matemática e português caíram no DF em 2021. De acordo com o Saeb, a rede pública do Distrito Federal apresentou queda de aprendizagem em cinco das seis tabelas referentes aos ensinos inicial e médio.
O declínio ocorreu em função da pandemia da Covid-19, quando a educação presencial migrou para o remoto, com o objetivo de frear a contaminação pelo vírus.
Segundo a secretária de Educação do Distrito Federal, Hélvia Paranaguá, os resultados eram esperados. “Nós prevíamos algumas perdas e, internamente, havíamos verificado o prejuízo que os alunos tiveram, especialmente nos anos iniciais. Estamos atuando fortemente para que os estudantes recuperem o aprendizado impactado pela pandemia. Estamos com um projeto com a Unicef, temos uma busca ativa para que a gente resgate aquele aluno que tenha abandonado e vamos intensificar isso”
Uma das medidas tomadas para recuperação das aprendizagens no Distrito Federal é o Programa SuperAção, fruto da parceria entre a Secretaria de Educação do DF e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que visa orientar as práticas pedagógicas desenvolvidas junto aos estudantes em situação de incompatibilidade entre a idade e a série para promover ações que possibilitem aprendizagens necessárias para o sucesso da trajetória escolar.
A partir do quantitativo de estudantes que se encontram na situação de incompatibilidade por unidade escolar, o Programa SuperAção prevê diferentes formas de atendimento. Além disso, considera as diferentes realidades da rede pública de ensino do DF.
Ações na pandemia
Devido à pandemia do novo coronavírus, a Secretária de Educação do Distrito Federal (SEEDF) informou que a adoção de medidas não presenciais para todas as etapas e modalidades da educação básica procuraram mitigar o impacto do distanciamento do ensino presencial.
Inicialmente, estabeleceu-se o uso das teleaulas em transmissões na televisão aberta por meio de uma parceria com a TV Justiça. Em seguida, foi lançada a Plataforma Escola em Casa DF — Google Classroom, na qual os professores puderam oferecer aos alunos videoconferências, trocas de mensagens, acesso a materiais didáticos, aplicação de avaliações, formação de grupos de trabalho, entre outras ações.
A SEEDF firmou contrato com as operadoras de telefonia para a contratação de serviço de internet móvel e disponibilizado chips de internet, que poderiam ser adquiridos nas papelarias cadastradas pelo programa Cartão Material Escolar. Além de terem capacitado professores com cursos na área de tecnologia pela Eape.
“Na área da alimentação, uma das ações feitas na suspensão das aulas presenciais durante a pandemia da Covid-19 foi a distribuição dos produtos naturais colhidos pela agricultura familiar. Estes alimentos do campo foram entregues para 429.762 mil alunos carentes nas cestas verdes em 2020 e 2021”, declarou a pasta.
Fonte: Metropoles