Produtores discutiram, nesta quinta-feira (23), desafios da aquicultura na região; consumo de pescado no DF chega a 60 mil toneladas por ano
Cerca de 100 produtores participaram do 17º Encontro de Piscicultores do Distrito Federal e Entorno, realizado nesta quinta-feira (23) na Casa do Cerrado, promovido pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF).
O evento discutiu as principais questões da cadeia produtiva e a construção de soluções para o enfrentamento dos desafios da aquicultura na região. Os produtores também tiveram a oportunidade de conhecer o funcionamento da Cooperativa dos Aquicultores do Amazonas, com um representante no evento compartilhando a experiência da cooperativa na área de produção, processamento e comercialização de peixes.
Durante a reunião foram apresentados insumos e equipamentos de energia fotovoltaica. Ao final, os produtores puderam fazer uma visita guiada à Unidade de Experimentação de Produção Intensiva de Peixes, recém-inaugurada na sede da Emater-DF da Asa Norte.
“A piscicultura é uma cadeia muito importante no Distrito Federal. Nós temos uma grande motivação para levar isso a nossos produtores rurais. A Emater tem feito um trabalho muito grande nesse sentido, junto à Seagri, para que de fato a gente possa ajudar os produtores a aumentar a produção com qualidade e ajudar na comercialização, que é o grande gargalo”, destacou o presidente da Emater-DF, Cleison Duval, presente no evento.
De acordo com a Emater-DF, o consumo de pescado no Distrito Federal chega a 60 mil toneladas por ano, enquanto a piscicultura local produz uma média de duas mil toneladas por ano. O valor cresce a cada ano, junto ao Produto Interno Bruto (PIB) e ao Valor Bruto da Produção (VBP). Atualmente, o valor bruto da produção total da agropecuária do Distrito Federal está na faixa dos R$ 6 bilhões.
Duval descreveu o encontro desta quinta (23) como um alinhamento entre os produtores e técnicos para traçar caminhos a serem seguidos, propostas de trabalho e ações a serem desenvolvidas nos próximos anos. “Esse conjunto de informações entre os pequenos, médios e grandes produtores, junto aos técnicos, promove esse crescimento da cadeia.”
Assistência do menor ao maior
Um dos piscicultores referência no DF, Guilherme Gonçalves Pereira, chega a produzir em torno de 200 toneladas por ano, variando a produção de acordo com os meses – com aumento, por exemplo, durante a época da Semana Santa. Trabalhando na área há quase dez anos, ele possui um sistema de viveiros escavados.
Guilherme atende peixarias, pesque e pague e outros lugares que trabalham com o peixe vivo, entregando em todo o DF e Entorno. Sua rentabilidade chega a R$ 100 mil por ano. O piscicultor falou sobre o apoio da Emater e importância de compartilhar conhecimentos, chance proporcionada pelo evento. “Sempre teve muito apoio técnico da Emater, usando a tecnologia certa, indo atrás das certificações e autorizações necessárias”, destacou.
Durante a reunião foram apresentados insumos e equipamentos de energia fotovoltaica. Ao final, os produtores puderam fazer uma visita guiada à Unidade de Experimentação de Produção Intensiva de Peixes, recém-inaugurada na sede da Emater-DF da Asa Norte
O empresário José Romildo da Silva cria peixes como uma atividade paralela. Ele possui dez tanques de peixes em sua propriedade, localizada em Sobradinho dos Melos, na margem do Rio São Bartolomeu, perto do Paranoá. Romildo trabalha com cinco funcionários e tem equipamentos para tirar a pele do peixe. Lá, ele produz cinco toneladas por mês, o que chega a render R$ 60 mil após serem transformados em filé e fornecidos aos restaurantes locais.
Mesmo tendo uma produção menor, Romildo reforça a importância do apoio da Emater em todo processo, desde a formulação do abatedouro dentro das normas até a comercialização do produto. “Eles sempre estão nos ajudando a solucionar problemas na criação. Vão lá todo mês e ajudam a fazer a biometria dos peixes, verificam a sanidade dos animais, nos ajudam no quesito total em relação à criação, compra de insumos e qualidade de água. E minha renda melhorou muito”, declara.
Crescimento da atividade
Entre 2019 e 2022, houve um aumento de 25,32% no número de criadores de peixes na região. De acordo com dados disponibilizados no site da Emater-DF, 2022 foi o ano com maior número de criadores da história, com 782 piscicultores. Em 2019, eram 624.
As toneladas de peixes produzidas também aumentaram. Enquanto em 2019 foram 1.600 toneladas, em 2023 foram 2.100 toneladas pescadas. Outro número importante é o valor bruto que o produtor recebe por hectare de piscicultura, que saiu de R$ 160 mil em 2019 para R$ 300 mil em 2022. Atualmente, o valor bruto da produção que vem da piscicultura gira em torno de R$ 22 milhões por ano.
“Isso mostra que a atividade vem demonstrando interesse, porque ela tem um atrativo no retorno financeiro”, afirma o coordenador de Aquicultura da Emater-DF, Adalmyr Borges. De acordo com ele, Brasília é o terceiro maior mercado consumidor de pescado no Brasil, sendo uma grande possibilidade para os produtores da região gerarem renda, emprego e abastecerem a população local.
Adalmyr contextualiza, ainda, que o aumento de produtividade na piscicultura do DF nos últimos anos é um reflexo da profissionalização dos produtores que criam, na mesma área, mais peixes com menos água. “Essas tecnologias são demonstradas na sede da Emater, então se alguém tiver interesse pode marcar uma visita guiada na unidade de demonstração”, acentua.
Alevinar DF
Além da assistência com questões tecnológicas, acesso a mercados e processamento dos elos da cadeia produtiva, a Emater faz o cadastramento dos produtores interessados em participar do Alevinar DF, programa da Secretaria de Agricultura de fornecimento de alevinos, que são os filhotes de peixe.
O produtor interessado em receber esses peixes precisa ter, além de um fornecimento de água, as estruturas de criação de peixe – seja viveiros escavados ou tanques circulares.
Para participar, o produtor deve procurar o escritório mais próximo da Emater e preencher uma ficha de interesse. Em seguida, a empresa faz o cadastramento desses produtores junto à Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.
Jak Spies, da Agência Brasília