Juiza negou prisão de homem que espancou namorada até a morte no DF

3 de março de 2023

Letícia Barbosa Mariano foi agredida até a morte por Guilherme Nascimento Pereira no banheiro da casa dela

A mulher que morreu após ser espancada dentro do banheiro de casa no Setor de Indústrias Gráficas de Taguatinga Norte, na quinta-feira (3/3), buscou em setembro do ano passado ajuda das autoridades contra o agressor. No dia 17 daquele mês, Letícia Barbosa Mariano, 25 anos, denunciou o namorado, Guilherme Nascimento Pereira, 29, por ameaça e lesão corporal na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher II.

A delegada responsável pelo caso pediu a prisão preventiva de Guilherme, mas o Ministério Público entendeu que não havia requisito para a prisão –e a Justiça indeferiu o pedido.

Na decisão obtida pela Metrópoles, a juíza do 2º Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Ceilândia diz que não há informações de que Guilherme teria descumprido medidas de proteção anteriormente pedidas por Letícia e, portanto, não havia necessidade de “custódia cautelar”

“Há previsão legal de outras medidas menos gravosas, como as medidas protetivas de urgência, que podem garantir a integridade física e psíquica da possível vítima, as quais já foram deferidas em favor da ofendida nos autos da Medida Protetiva de Urgência. Ausentes, portanto, os requisitos necessários à decretação da prisão temporária porquanto não resta demonstrada a necessidade da custódia cautelar para as investigações do inquérito policial”, disse a juíza Joanna D’Arc Medeiros Augusto.

Agressões

À época, Letícia afirmou que sofreu tentativa de feminicídio e requereu medidas protetivas de urgência. Ela alegou que namorou o autor por cerca de cinco anos e terminou o relacionamento em junho de 2022.

Aos policiais, Letícia contou que encontrou Guilherme enquanto caminhava pela rua, e o agressor tentou iniciar uma conversa. Diante da negativa da vítima, ele a acertou com um murro no rosto.

Em 14 de setembro de 2022, o suspeito, extremamente irritado e descontrolado, foi à casa da jovem e começou a gritar: “Desgraçada, desgraçada. Eu quero ver seu Instagram”. Em seguida, puxou os cabelos dela, com bastante violência e a ameaçou: “Eu vou te matar. Eu vou te matar. A sua roupa está muito curta”. O criminoso chegou a pressionar Letícia contra o muro e continuou as agressões, dizendo: “Põe a senha do Instagram, senão eu te bato”.

Apavorada, ela conseguiu se desvencilhar, correr e se abrigar em um salão de beleza. Testemunhas ligaram para a Polícia Militar, que chegou ao local quando o suspeito já havia fugido.

Em depoimento, a jovem reforçou que a conduta do agressor era reiterada e que ela não “suportava mais o abalo psicológico” causado pela situação. Acrescentou que temia pela própria vida, devido ao temperamento agressivo, violento e imprevisível do ex-namorado. Letícia descreveu Guilherme como “profundamente possessivo e ciumento”, e disse que ele não aceitava o fim do relacionamento.

Metrópoles procurou o Ministério Público do DF e o questionou a respeito da decisão que garantiu a liberdade de Guilherme, mas ainda não teve retorno. O espaço segue aberto para manifestações.

Feminicídio

Na madrugada de quinta, Letícia não teve mais uma chance. A jovem foi encontrada morta dentro do banheiro do apartamento onde morava. O corpo dela será enterrado no cemitério da Asa Sul nesta sexta-feira (3/3).

Vizinhos da vítima, dizem ter ouvido barulho de briga vindo do apartamento da mulher na madrugada desta quinta.

“Na madrugada mesmo deu pra ouvir ela gritando e pedindo socorro. Também ouvi uma criança chorar. Fiquei confusa se era na rua ou no apartamento dela. Quando soube nesta manhã que ela morreu, tive certeza de que era ela gritando de madrugada”, disse um vizinho que preferiu não ter o nome divulgado.

Segundo informações da Polícia Civil (PCDF), ela e o companheiro eram pais, mas não tinham filhos em comum.

Guilherme foi preso horas após o crime em um hotel em Ceilândia.

Fonte: Metropoles

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