Adereços e iluminação comemorativa enfeitam a capital federal nesta época do ano para encantar e renovar as esperanças dos brasilienses e turistas; tem sido assim desde 1960, quando a cidade foi inaugurada
Imagens do Arquivo Público do Distrito Federal mostram que nos primeiros natais brasilienses as luzes eram instaladas na Rodoviária do Plano Piloto e no Teatro Nacional, espalhando-se também pela Esplanada dos Ministérios e chegando à Torre de TV e à W3 Sul. Há ainda uma imagem datada de 1960 do que teria sido a primeira árvore de Natal da cidade, que dá as boas-vindas ao Papai Noel.
Outro registro mostra a decoração do Catetinho, a primeira residência oficial do então presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek, durante a construção de Brasília. Na imagem, datada de 1956, mesmo ano em que o prédio conhecido como “Palácio de Tábuas” foi criado, aparecem pessoas reunidas na cozinha, iluminada por pisca-piscas pendurados em árvores ao redor. Outra imagem mostra servidores da antiga prefeitura de Brasília montando a imagem de Papai Noel, no ano de 1963.
Antes de 1960, porém, o espírito natalino já estava no Planalto Central. É o que conta um artigo da Revista Brasília, periódico criado pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), publicado mensalmente entre janeiro de 1957 e maio de 1963. A edição de dezembro de 1957 conta que foi montada uma árvore de Natal e distribuídos presentes para 1.680 crianças com idade até 12 anos. “E foi esta a primeira festa natalina das crianças de Brasília”, diz o texto.
“Apesar de não ser um bem tombado, o Natal é uma manifestação cultural que, sem dúvida, faz parte da tradição da cidade. Começou com os candangos, que vieram para a construção, e seguiu com o fomento do poder público”, explica o subsecretário do Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), Ramon Fernandez. De forma inédita, a pasta é a responsável pelo evento natalino neste ano e oferece o projeto Um Sonho de Natal, com atrações em três pontos do Eixo Monumental.
Tempo de esperança
As luzes desta época do ano sempre chamaram a atenção da aposentada Fátima Barreira, 65 anos. Quando chegou a Brasília, em 1977, ela encantou-se com os pisca-piscas que enfeitavam o Congresso Nacional e a Esplanada dos Ministérios. No ano passado, visitou as decorações com a filha e, este ano, já foi ver o presépio que adorna a Praça do Buriti. “Cada decoração tem sua simbologia. Amo tudo: a árvore, os anjos… Decorar a cidade para mim significa valorizar o simbolismo do Natal, reproduzir o nascimento daquele que morreu por todos nós”, afirma.
A jornalista Thays Passos, 36, aprendeu a gostar do Natal com a família, que é católica, e busca passar esse apreço ao filho de 6 anos. Por isso, ela e o esposo sempre levam o menino para ver “as luzinhas”. A favorita, até o momento, foi a decoração de 2021. “Estava espetacular. Não era só pisca-pisca nas árvores e monumentos como de costume. Foi algo que proporcionou um espetáculo para os visitantes, com neve, música e cenários incríveis. Não tinha como não se deslumbrar com tudo aquilo”, conta.
Thays acredita que decorar a cidade é uma forma de levar alegria à população. “Para quem mora nas cidades satélites e trabalha no Plano Piloto, o trajeto decorado e iluminado traz um momento de prazer e alegria no meio do caos da rotina corrida”, diz. “A decoração e a programação de Natal representam uma oportunidade de lazer e de entretenimento para quem vive aqui”.
Um Sonho de Natal
Neste ano, o projeto Um Sonho de Natal leva magia para a população em três pontos: Esplanada dos Ministérios, que abriga a Vila do Papai Noel; Praça do Buriti, com o presépio, e Praça do Cruzeiro, que oferece experiências gastronômicas e uma roda-gigante. A festa segue até 1º de janeiro de 2024, sempre das 17h às 22h, e terá uma vasta programação cultural e musical.
O projeto foi promovido por meio de edital público, elaborado pelo Centro de Cultura Popular Brasileira com apoio de diversos parceiros. O investimento na iniciativa é de R$ 7 milhões e a expectativa é que 1 milhão de pessoas visite os espaços. Acesse neste site a programação completa.
Catarina Loiola, da Agência Brasília